Barcelona tem segunda maior "invasão" de sua história na final da Champions League feminina

By Maria Victoria Poli

*De Bilbao, Espanha

Mais que um clube. Uma potência do futebol feminino. Este é o Barcelona de Aitana Bonmatí, Fridolina Rolfo, Caroline Graham Hansen, Salma Paralluelo e companhia, comandado pelo técnico Jonatan Giráldez. O clube joga, neste sábado (25), às 13h (de Brasília), sua quarta final consecutiva da Champions League feminina, contra o Lyon. O palco da partida é o renovado estádio San Mamés, em Bilbao.

Os mais de 50.000 lugares do estádio que é a casa do Athletic Bilbao -- 53.289, para ser mais exata -- reformado e reaberto em 2013, acabaram sendo pouco para o público esperado no principal jogo da temporada do futebol feminino europeu. Com ingressos esgotados desde o dia 15 de maio (10 dias antes da partida), esta deve ser a final com o maior número de pessoas na história da competição. Destas, a maioria será espanhola -- mais precisamente, culé.

São aproximadamente 40 mil torcedores do time catalão desembarcando no País Basco neste fim de semana. Na cidade, já se sente o clima da decisão, a maior da história do torneio europeu, ouso dizer. Uma hegemonia consolidada contra uma emergente, que conquistou a Europa nos últimos anos. Campeão de tudo, o Barcelona vence e vence temporada após temporada -- exceto o Lyon. O time francês, a kryptonita do Barça feminino, ganhou todos os quatro duelos disputados até hoje (dois deles, inclusive em finais da Champions League).

O estádio San Mamés, em Bilbao, na Espanha, é a sede da final da UEFA Champions League feminina de 2024, neste sábado (25) | Catherine Ivill - AMA/GettyImages

Um jogo desse tamanho merece, sim, um público inédito. E esse é pra ficar nos livros de história para sempre: a segunda maior "invasão azul e grená" que já existiu. Nunca ouviu falar? Tudo bem, eu te conto. Em 1986, Barcelona e Steaua Bucareste se enfrentaram pela final da Copa dos Campeões da Europa, no estádio Ramón Sánchez Pizjuán. Mais de 50.000 torcedores cruzaram o país e tomaram as ruas de Sevilha para a final que teve 70.000 pessoas no estádio. Foi o primeiro título do time romeno -- empate no tempo regulamentar e vitória nos pênaltis por 2 a 0.

Ouvi dizer que muitos torcedores culés virão. Para mim, é uma honra jogar neste clube. Recebemos o apoio da nossa torcida no Camp Nou, no Johan Cruyff, aqui em Bilbao. Eles sabem que são a 12ª jogadora e sempre estão presentes. São a jogadora que precisamos para vencer todos os jogos.

Os números da cobertura também refletem o que se vê por aqui: são 190 representantes de mídia, com uma galeria de imprensa com 117 cargos e 52 fotógrafos em campo. Do lado francês, são esperados mais de 10.000 torcedores. A ocupação hoteleira está em 95%, segundo informações locais. Pela primeira vez na competição feminina, também haverá as chamadas fan zones, locais reservados para a torcida com telões, ativações e comércio, para as duas torcidas.

A cada minuto, Bilbao se colore um pouco mais de azul e grená. A cidade está preparada para viver algo extraordinário no futebol de mulheres. Há 10 anos era impensável presenciar uma mobilização deste tamanho para um jogo de futebol feminino. Hoje, são recordes atrás de recordes: de público, de investimento, de parceiros comerciais, de vendas, de conquistas.

Este artigo foi publicado originalmente no 90min.com/pt-BR como Barcelona tem segunda maior "invasão" de sua história na final da Champions League feminina.