Saber sofrer, emoção de Ronaldo e o herói Diogo Costa: tudo o que disse Roberto Martínez

Roberto Martínez, selecionador de Portugal, fez o rescaldo da vitória de Portugal, no desempate da marca das grandes penalidades, frente à Eslovénia. A equipa das quinas vai defrontar a França nos quartos de final.

\- Foi preciso sofrer, como viveu a partida?

\- Vivi o jogo com orgulho, gostei do nosso desempenho. Os jogos agora são decididos nos detalhes. É uma Eslovénia que joga bem na fase defensiva. Se não marcas um golo é difícil. Era um teste, mostrar valores de grupo, que o balneário está focado e não aceita a derrota. Merecíamos ter ganho nos 90 minutos. A Eslovénia fez um grande jogo. Gostei da força e do acreditar, os valores que os portugueses gostam. Podemos olhar para a frente, com a França. Acho que ainda dá mais força do que ganhar por dois ou três golos de diferença.

\- Abraço a Cristiano Ronaldo, que se emocionou. O que significa para o grupo?

\- É um exemplo para nós. Jogou em seis Europeus, o único jogador a fazê-lo e sente a responsabilidade. Todas estas emoções são incríveis para quem já venceu tudo e tem experiência. Não precisa de provar nada. Só quem marca é que falha e temos de dar os parabéns ao Oblak. Eu tinha a certeza que tinha de ser ele a marcar no desempate dos penáltis e abriu caminho para a vitória. É uma lição, temos de viver todos os dias como se fossem o último. Ele reagiu e temos orgulho nele e no futebol português.

\- Substituições em cima dos 90’ e a entrada de Francisco Conceição para uma posição diferente

\- O estado da relva motivou isso. Não ajudou a equipa com bola. A relva não é rápida, não é estável. A Eslovénia sofreu o mesmo que nós. O jogo interior não podia funcionar com o risco que precisas de ter e as linhas de passe. Era favorecer o que a Eslovénia estava a tentar fazer. A ideia era dar largura e frescura. Tive de tirar o Vitinha, porque não podemos usar o jogo interior. Foi arriscar com jogadores de chegada, é assim que surge o penálti. O Rúben Neves é um bom batedor de penáltis, usar a energia do Nélson Semedo. Olhando para trás, foi uma boa decisão ter oito jogadores de fora frente à Geórgia.

\- Os portugueses sofreram muito, que mensagem deixa?

\- O balneário sabe sofrer, tem uma união de grupo incrível. Sabemos que temos jogadores muito bons. Vimos um grupo que gosta de jogar pela Seleção e vai dar tudo. O talento faz parte, mas para ganhar são precisas mais coisas, o grupo tem uma paixão incrível. Sofremos, mas as equipas vencedoras sabem sofrer.

\- Desempenho do João Palhinha, pensa que tem nível para o Bayern?

\- Adorei o jogo do João Palhinha. É essencial para este tipo de jogo. A velocidade do Sesko e Sporar, segundas bolas… Iria melhorar a equipa do Bayern, torna os jogadores à volta melhores. Venceu em Portugal, depois foi para a Premier League. O desempenho dele ilustra mais do que aquilo que eu possa dizer.

\- França nos quartos de final

\- Estamos preparados para a França. Durante a fase de grupos, todos os jogadores tiveram minutos. Todos estão preparados para entrar e ajudar. É o que nós queremos. Queremos estar aqui, o foco é a França. É uma seleção histórica, 2016 é sempre um momento-chave. Agora vemos jogos como Espanha-Alemanha, Portugal-França… O torneio está bom. Três dias é um período suficiente para estarmos preparados.

\- Portugal tem sentido dificuldades em termos ofensivos com equipas como a Eslovénia. A França é muito forte, mas pode haver mais espaço

\- Uma coisa é o debate dos estilos. Uma equipa tem bola, outra defende. A Eslovénia tem boa entreajuda, sincronização. Fizemos um bom jogo de ataque, uma relva lenta, tivemos 11 cantos. Falhámos um penálti, não é um jogo em que se possa dizer que não chegámos ao último terço. Fizemos um bom jogo. Diogo Costa esteve excecional. Mostrámos que estamos preparados para sofrer. Já vimos jogos difíceis. A França é muito boa defensivamente. Vamos precisar também de defender o último terço. Será um jogo mais aberto. Estou satisfeito pelo que fizemos.

\- Eslovénia defendeu com um bloco baixo, o jogo não fica previsível com cruzamentos para Ronaldo?

\- Foi previsível porque não marcámos. Se marcássemos o jogo abria. Sempre que passámos a última linha, o Oblak esteve excelente. O penálti acontece. É preciso aceitar. O campo é o que é. Se calhar noutro relvado o Sesko e Sporar tinham aproveitado melhor as oportunidades. Nos penáltis, o nosso guarda-redes defendeu três. Houve muitas coisas que fizeram com que merecêssemos a vitória.

\- Diogo Costa defendeu três penáltis:

\- O Diogo Costa está num momento incrível. Chegámos ao torneio e falámos nisso, a experiência frente ao Arsenal [pelo FC Porto] foi importante. O Diogo acompanhou o seu coração, o seu sentimento, cresceu muito e é um grande guarda-redes. É um segredo do futebol português. O Diogo está ao mais alto nível. Merece um momento assim. O nível de maturidade do Diogo Costa, as experiências que teve no clube, agora tem uma capacidade incrível para nós.